quinta-feira, setembro 13, 2012

A vida no país que amo

A vida neste país realmente está um caos...Tentei aguentar, até desculpar este governo e sinceramente pensava mesmo que estava a fazer tudo o que era possível para nos salvar da miséria. Mais uma vez (sim porque tenho sido muitas muitas vezes) INGÉNUA. Não me apeteceu estudar (hoje em dia se calhar estava certa), fiz birra eu sei....em 1986 surgiu a possibilidade de ir para Inglaterra e como sou meio maluca lá fui. Mas a falta da tecnologia que temos hoje em dia, nomeadamente o facebook e outros meios de nos fazer sentir mais perto dos que amamos não existiam e as saudades foram superiores e ao fim de 9 meses voltei. Estúpida, fui tão estúpida!!! Tinha um emprego que adorava cá (era recepcionista numa Clínica), embora part-time e a ganhar na altura 12.500$00 (cerca de 60 eur), eu adorava o meu trabalho e os meus patrões, mas procurei uma vida melhor. Mas estupidamente...fui!
Voltei para o país que amava e que era o meu, voltei para a minha família que felizmente ainda amo. É aqui a minha partida para a cidade que eu amo - Lisboa. Trabalhei numa das maiores sapatarias do país, passei para a RTP em 1989 onde mais uma vez fui INGÉNUA ao ponto de colocar o amor à frente do trabalho e saí em 1991. Teria ficado? Não sei nem nunca vou saber....a partir daqui foi um saltimbanco de empregos....em 1994 estabilizei também num emprego que adorava e onde mais uma partida da vida me obrigou a deixar. Saí para algo melhor, pelo menos a ganhar o dobro e estando sozinha com uma criança de 8 anos tinha mesmo que lutar para melhor. Hoje considero que não o devia ter feito. Deixei um emprego onde acredito hoje ainda estar para me encontrar agora desempregada, já com subsidio subsequente de desemprego quase a terminar, com um filho na Universidade e como tenho dividas fiscais, possivelmente nem vai ter direito a Bolsa de Estudo (bela solução para continuar a não conseguir regularizar a minha situação fiscal). Acho que não tenho culpa de ter ficado sem emprego. Dediquei-me de corpo e alma à empresa, aos meus patrões e família (deixando a minha de lado muitas vezes). Passei por humilhações em vez dos meus patrões, fui empregada de escritório, gerente, patroa (quando era o meu dinheiro que entrava na empresa até o do patrão chegar), fui empregada de limpeza, de quartos, motorista, estafeta, cicerone dos amigos que vinham de Angola e precisavam ser bem tratados....tudo isto e muito mais porque precisava do meu emprego, porque gostava do meu emprego e embora ganha-se uma miséria para ser isto tudo eu GOSTAVA DO MEU EMPREGO! Foi o ultimo que tive porque quando saí de lá em 2009 já era "velha" para trabalhar e sou muito nova para me reformar.
Chego à conclusão que em 13 de Novembro de 1986 devia ter ido para sempre! Nunca vou saber se tinha sido melhor mas acredito que hoje estava com a minha vida bem melhor. Eu acredito e também acredito que se não tivesse deixado o meu 1º emprego, hoje ainda lá estaria e a minha vida teria sido muito diferente.
Conclusão:
Não sei se a culpa foi minha de estar nesta situação no país que trago no coração.

Ao Governo peço: Ajudem quem realmente precisa, não tirem a todos de igual modo. A Galp, a Sonae, entre outros não precisam da misericórdia da redução da TAXA SOCIAL ÚNICA.
O TALHO, A MERCEARIA, OS LARES DE IDOSOS, AS CRECHES, AS PEQUENAS EMPRESAS É QUE PRECISAM DESSA AJUDA! DEIXEM-ME PAGAR AS DIVIDAS FISCAIS EM PRESTAÇÕES INFERIORES A 102€, CONCEDAM A BOLSA DE ESTUDO AO MEU FILHO PARA ME SER MENOS DIFÍCIL PAGAR-VOS O IMI DA CASA QUE EM MARÇO DE 2012 FIZ A DAÇÃO À INSTITUIÇÃO BANCÁRIA QUE ME EMPRESTOU MAIS DO QUE DEVIA TER EMPRESTADO.
Resta-me a esperança que as pessoas que me ajudam a sobreviver não fiquem desempregadas e que o pai do meu filho o continue também a ajudar e tudo correrá bem.


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